São enormes os obstáculos que, de um modo geral, o género biográfico enfrenta ao esbarrar, frequentemente, na tentação do colorido fantasista ou anedótico, na omnisciência, no inauditismo (sempre associado ao sensacionalismo), na interpretação subjectiva, no lugar-comum, nas naturais dificuldades que a falta de documentação e testemunhos traz ao seu discurso, na tautologia cansativa que vamos verificando de biografia em biografia, nos repetidos falsos episódios que se vão transmitindo e enquistando e, finalmente, nos escolhos da apreciação literária quando o biógrafo decide comentar criticamente a obra.
Nesta obra, Eça sugere o tema clássico do elogio da “áurea mediocritas”, quando mostra que nem é o fausto, nem o conforto, nem a ciência que fazem o homem feliz, mas sim uma vida calma, simples e natural.
Nesta obra, Eça conta a história de Gonçalo Mendes Ramires, nas suas relações familiares, no seu convívio social, nos seus entusiasmos e nas suas inexplicáveis reacções. O romance desenrola-se em dois planos que caminham paralelamente. Num, feito de idealismo, projecta-se o tradicionalismo romântico: romance histórico; no outro, com o sentido do realista, perpassa a vida contemporânea da província.
Esta é a história de Gonçalo Mendes Ramires, um dos grandes heróis queirosianos. Último descendente de uma antiga família aristocrática, cujas origens remontam aos tempos dos reis suevos, carrega em si o peso dos gloriosos feitos dos seus antepassados. Contudo, não consegue ombrear com essa memória. Empobrecido, com um carácter hesitante e fraco que o aprisiona e humilha, sonha libertar-se. Gonçalo quer viver, criar obra, honrar a história familiar.
A gastronomia é tema recorrente na obra queirosiana – o jantar é a refeição mais repertoriada – 560 vezes, a que se segue o almoço 232 e 176 ceias! O café é apreciado 209 vezes pelas personagens romanescas, o chá 185, o pão 192, sopa 77, etc. A frequência e intensidade das descrições oscila com a intenção do autor retratar psicológica e socialmente a personagem ou o ambiente envolvente. A gastronomia tempera e condimenta o estilo requintado e sensual de Eça.
Romance saído em folhetins na Gazeta de Notícias, cuja epígrafe se tornou célebre – “Sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia” – por sintetizar a aliança entre realismo e imaginação, naturalismo e fantástico, patente na obra.
A proposta de Beatriz Berrini focaliza novos ângulos de análise de A Relíquia, além de trazer uma enriquecedora contextualização da obra. Especialmente interessante é a inovadora consideração de incluir elementos a respeito do que representou para o0s europeus, no século XIX, o Oriente Próximo.
O corpus principal desta proposta editorial foca-se na análise da adaptação atualizada de dois romances canónicos do consagrado escritor português Eça de Queirós para a televisão generalista nacional, pública e privada, nos produtos ficcionais telenovela e minissérie. É um estudo que relaciona importantes conceitos como adaptação, atualização, romances canónicos, autor clássico, televisão, ficção, telenovela, minissérie e identidade cultural com vista a sugerir uma interpretação possível de duas unidades dramáticas televisuais recriadas a partir de Os Maias (1988) e de O Crime do Padre Amaro (1880).
Obra vencedora da Edição de 2016 do Prémio Literário Fundação Eça de Queiroz
Henry Rider Haggard publicou em Inglaterra no ano de 1885 “As Minas de Salomão”, obra de aventuras em que o autor britânico apesar da sua perspectiva europeia, manifesta uma grande sensibilidade aos usos e costumes indígenas. Em 1891, o General João Crisóstomo assumia a chefia do Governo, sucedendo a Fontes Pereira de Melo. A África estava na ordem do dia e os ingleses enviaram um ultimato a Portugal, exigindo a retirada do território que ligava Angola a Moçambique.
Eça de Queiroz, nasceu na Póvoa do Varzim, filho de pais que ainda não eram casados e que, embora casando quatro anos depois, se mantiveram afastados dele até se tornar adulto. Formou-se em Direito, em Coimbra. Optou por seguir a carreira diplomática de cônsul, mas foi um grande escritor realista, cheio de humor e ironia na crítica à sociedade, que rapidamente se tornou famoso, não só em Portugal, mas também pelo mundo fora.
No prefácio dos “Azulejos do Conde de Arnoso”, emite Eça a sua opinião sobre o conto: “No conto tudo precisa de ser apontado num risco leve e sóbrio: das figuras deve-se ver apenas a linha flagrante e definidora que revela e fixa uma personalidade; dos sentimentos, apenas o que caiba num olhar, ou numa dessas palavras que escapa dos lábios e traz todo o ser; da paisagem somente os longes, numa cor unida”.
O colóquio “Diálogos com Eça no Novo Milénio”, de que agora se editam as respectivas Actas, teve lugar no Palácio Fronteira em Lisboa, a 30 de Maio de 2001. Fruto da iniciativa dos seus três organizadores, Ana Nascimento Piedade, Ana Isabel Vasconcelos e A. Campos Matos, este colóquio contou com a participação de nomes prestigiados dos estudos queirozianos e da crítica portuguesa.