São enormes os obstáculos que, de um modo geral, o género biográfico enfrenta ao esbarrar, frequentemente, na tentação do colorido fantasista ou anedótico, na omnisciência, no inauditismo (sempre associado ao sensacionalismo), na interpretação subjectiva, no lugar-comum, nas naturais dificuldades que a falta de documentação e testemunhos traz ao seu discurso, na tautologia cansativa que vamos verificando de biografia em biografia, nos repetidos falsos episódios que se vão transmitindo e enquistando e, finalmente, nos escolhos da apreciação literária quando o biógrafo decide comentar criticamente a obra.
Nesta obra, Eça sugere o tema clássico do elogio da “áurea mediocritas”, quando mostra que nem é o fausto, nem o conforto, nem a ciência que fazem o homem feliz, mas sim uma vida calma, simples e natural.
Nesta obra, Eça conta a história de Gonçalo Mendes Ramires, nas suas relações familiares, no seu convívio social, nos seus entusiasmos e nas suas inexplicáveis reacções. O romance desenrola-se em dois planos que caminham paralelamente. Num, feito de idealismo, projecta-se o tradicionalismo romântico: romance histórico; no outro, com o sentido do realista, perpassa a vida contemporânea da província.
Romance saído em folhetins na Gazeta de Notícias, cuja epígrafe se tornou célebre – “Sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia” – por sintetizar a aliança entre realismo e imaginação, naturalismo e fantástico, patente na obra.
A proposta de Beatriz Berrini focaliza novos ângulos de análise de A Relíquia, além de trazer uma enriquecedora contextualização da obra. Especialmente interessante é a inovadora consideração de incluir elementos a respeito do que representou para o0s europeus, no século XIX, o Oriente Próximo.
O corpus principal desta proposta editorial foca-se na análise da adaptação atualizada de dois romances canónicos do consagrado escritor português Eça de Queirós para a televisão generalista nacional, pública e privada, nos produtos ficcionais telenovela e minissérie. É um estudo que relaciona importantes conceitos como adaptação, atualização, romances canónicos, autor clássico, televisão, ficção, telenovela, minissérie e identidade cultural com vista a sugerir uma interpretação possível de duas unidades dramáticas televisuais recriadas a partir de Os Maias (1988) e de O Crime do Padre Amaro (1880).
Obra vencedora da Edição de 2016 do Prémio Literário Fundação Eça de Queiroz
Henry Rider Haggard publicou em Inglaterra no ano de 1885 “As Minas de Salomão”, obra de aventuras em que o autor britânico apesar da sua perspectiva europeia, manifesta uma grande sensibilidade aos usos e costumes indígenas. Em 1891, o General João Crisóstomo assumia a chefia do Governo, sucedendo a Fontes Pereira de Melo. A África estava na ordem do dia e os ingleses enviaram um ultimato a Portugal, exigindo a retirada do território que ligava Angola a Moçambique.
Eça de Queiroz, nasceu na Póvoa do Varzim, filho de pais que ainda não eram casados e que, embora casando quatro anos depois, se mantiveram afastados dele até se tornar adulto. Formou-se em Direito, em Coimbra. Optou por seguir a carreira diplomática de cônsul, mas foi um grande escritor realista, cheio de humor e ironia na crítica à sociedade, que rapidamente se tornou famoso, não só em Portugal, mas também pelo mundo fora.
No prefácio dos “Azulejos do Conde de Arnoso”, emite Eça a sua opinião sobre o conto: “No conto tudo precisa de ser apontado num risco leve e sóbrio: das figuras deve-se ver apenas a linha flagrante e definidora que revela e fixa uma personalidade; dos sentimentos, apenas o que caiba num olhar, ou numa dessas palavras que escapa dos lábios e traz todo o ser; da paisagem somente os longes, numa cor unida”.
O colóquio “Diálogos com Eça no Novo Milénio”, de que agora se editam as respectivas Actas, teve lugar no Palácio Fronteira em Lisboa, a 30 de Maio de 2001. Fruto da iniciativa dos seus três organizadores, Ana Nascimento Piedade, Ana Isabel Vasconcelos e A. Campos Matos, este colóquio contou com a participação de nomes prestigiados dos estudos queirozianos e da crítica portuguesa.
As mensagens contidas nos bilhetes-postais de Eça para os seus familiares, apesar de muito simples e breves, suscitam questões pertinentes que dizem respeito à personalidade do autor, às suas relações com os filhos e ao seu estado de saúde, inexoravelmente fragilizado nos últimos anos de vida. Como ilustrações, esses postais apresentam um valor intrínseco de carácter histórico, antropológico e iconográfico que se nos impõe à primeira vista.
O livro Eça de Queiroz – Sou um Pobre Homem da Póvoa de Varzim introduz-nos de forma breve e agradável, no mundo e na vida de um dos mais importantes escritores portugueses de sempre.
Com texto de Gisela Silva e ilustrações do ilustrador premiado Sebastião Peixoto, este livro, dirigido a um público juvenil, mas perfeitamente adequado a um público adulto, percorre a vida e as vivências daquele que muitos consideram o mais importante romancista e contista português.
A Casa de Tormes, é um espaço mítico da obra e da vida de Eça de Queiroz, lugar que hoje reúne o seu espólio e guarda a sua Memória por intermédio do seu mobiliário e dos seus objectos de uso quotidiano, como seja a sua secretária e a sua biblioteca, o seu monóculo e o seu ficheiro, os quadros e as fotografias que o rodeavam, etc. Mas neste álbum podemos encontrar muito mais: podemos abrir portas para o conhecimento da gastronomia na obra do celebrado autor de “Os Maias”, e até, neste cenário queiroziano, cruzarmo-nos com Camilo, por intermédio da Memória de Fanny e Owen e da sua Casa.
Os textos e desenhos que aqui se publicam são, na sua maioria, inéditos, provenientes de álbuns que estiveram mais de cem anos escondidos do público. Mesmo nos poucos casos em que os textos e as imagens já se encontravam publicados, é a primeira vez que são coligidos numa edição que restitui a sua forma original.