
A autora da obra “As Actualizações dos Romances de Eça de Queiroz para o pequeno ecrã”, Filomena Antunes Sobral, foi galardoada no dia 23 de setembro com o Prémio Fundação Eça de Queiroz, na categoria Ensaio. A docente universitária e investigadora mostrou-se “muito feliz e honrada” por ser a primeira pessoa a receber aquela distinção, numa cerimónia realizada na Casa de Tormes, em Santa Cruz do Douro, Baião.
Acompanhada pelo presidente da Fundação Eça de Queiroz, Afonso Cabral e pelo presidente da Câmara Municipal de Baião, Paulo Pereira, Filomena Antunes Sobral explicou que o livro teve origem numa tese de doutoramento que foi apoiada por bolsas de investigação da Fundação para a Ciência e Tecnologia e do Instituto Politécnico de Viseu. A autora agradeceu, também, o apoio da entidade onde leciona – a Escola Superior de Educação de Viseu -, da sua orientadora Carolin Overhoff Ferreira e da família e amigos.
Mencionou também o júri por lhe conferir tamanha honra e enalteceu a aposta feita pela FEQ e pela Câmara Municipal de Baião, ao instituírem um prémio que fomenta a cultura, a investigação e o saber.
PARTIR DE EÇA PARA OUTROS CAMPOS DO SABER
A sessão foi aberta por Afonso Cabral, que em nome da FEQ louvou o trabalho premiado por analisar a atualidade da obra queirosiana tendo em conta os tempos que correm, nomeadamente a sua transposição para os meios de comunicação modernos. O responsável referiu ainda que a FEQ pretende ser uma casa de cultura em termos latos e abrangentes, não se focando apenas na vida de obra de Eça de Queiroz, mas antes estabelecendo pontes e elos de ligação com a obra deste e os restantes saberes e áreas do conhecimento.
Afonso Cabral leu também uma missiva enviada pelo presidente do júri do prémio, Guilherme d’Oliveira Martins, que classificou a obra como “um ensaio de grande pertinência e atualidade” e um “texto importante para a compreensão da projeção da obra queiroziana nos dias de hoje”.
O presidente da Câmara Municipal de Baião, Paulo Pereira, felicitou a vencedora em nome do município e referiu que Filomena Antunes Sobral ficará sempre recordada por ter sido a primeira pessoa a rece
ber a distinção. Paulo Pereira lembrou o papel fundamental de José Luís Carneiro na instituição do Prémio Fundação Eça de Queiroz e referiu que este é mais um exemplo da “parceria virtuosa” estabelecida entre a autarquia e aquela entidade cultural. O autarca classificou a FEQ como uma entidade de vital importância na afirmação do concelho pela positiva e que tendo alcançando um patamar de estabilidade financeira poderá, no futuro, almejar a atingir novos feitos na divulgação da vida e obra de Eça de Queiroz, contando sempre com o apoio da autarquia.
TEMA DA OBRA
O júri do prémio Fundação Eça de Queiroz foi presidido por Guilherme d’Oliveira Martins e constituído ainda por Ana Teresa Peixinho, Maria do Rosário Cunha, Ana Luísa Vilela, e Manuel Pereira Cardoso. Alguns dos membros estiveram presentes, bem como elementos dos conselhos cultural, fiscal e de administração da FEQ e a sua diretora executiva, Anabela Cardoso.
A obra distinguida foi publicada pela Chiado Editora, tem 358 páginas e foca-se na análise da adaptação atualizada de dois romances canónicos do consagrado escritor português Eça de Queiroz para a televisão generalista nacional, pública e privada, nos produtos ficcionais telenovela e minissérie. É um estudo que relaciona importantes conceitos como adaptação, atualização, romances canónicos, autor clássico, televisão, ficção, telenovela, minissérie e identidade cultural com vista a sugerir uma interpretação possível de duas unidades dramáticas televisuais recriadas a partir de Os Maias (1888) e de O Crime do Padre Amaro (1880).